Vítor Rua | 15 Julho

“Ao longo da minha carreira como músico, tive o prazer de possuir excelentes
guitarras: a clássica Ramirez de 1980; a versátil Fender Jaguar de 1961, com um braço estreito de vinte e dois trastos e uma magnífica alavanca de vibrato; a jazzística Gibson ES-150 modelo Charlie Christian, com graves profundos e um longo sustain; um baixo Fender Precision bass; a Roland 303 (talvez a melhor guitarra sintetizada existente); o Chapman Stick um instrumento de dez cordas da invenção de Emmett Chapman.

De 1996 a 1997 toquei num instrumento inventado por mim que consistia num
cavalete de pintura com microfones de contacto, no qual instalei uma série de
objectos: um Litofone electrificado com seis cordas que, através de um pickup
electrónico, era ligado a um sintetizador; duas placas de madeira com seis cordas; um
Theremin no topo do cavalete; um ábaco chinês.

Nos finais de 1997, comecei juntamente com o Luthier Gil Oliveira, a construir uma
guitarra híbrida de oito cordas (quatro cordas de baixo + quatro cordas de guitarra), a
partir de uma só peça de madeira (mogno), teria dois pickups activos EMG, cavalete e
braço de ébano.

Mais do que ter baixo e guitarra num só instrumento, pretendia estender a tessitura
da guitarra e criar assim um novo instrumento.
Entusiasmado com o resultado final, comecei a trabalhar numa nova guitarra com o Gil
de Oliveira. Desta vez propunha construir uma guitarra electro-acústica de dezoito
cordas (seis de nylon e doze de metal com dois equalizadores independentes — um
para as seis cordas outro para as doze cordas) de maneira a trabalhar a espacialidade
do som em estéreo.

A construção da guitarra implicava também três inovações: um fino estilete de metal
com uma pequena esfera na ponta, que accionada pelos dedos, produzia vibração
em contacto com o tampo da guitarra, funcionando como um vibra-slap; duas molas
de metal dentro da caixa de ressonância que vibram quando accionadas por pinças
metálicas, produzindo um som semelhante a gongs ; um orifício onde se podem
introduzir diversas membranas finas de madeiras diversas e com diferentes formas,
inspirado no Daxophone de Hans Reichel que pode ser percutido ou raspado com
arco.

Foi com esta guitarra que, no dia 18 de Julho de 1999, gravei esta improvisação. A
guitarra de dezoito cordas estava ligada por linha e por dois microfones Roda a uma
mesa de mistura Mackie e daí directamente para o gravador digital de CDs.

Além dos dedos e unhas da mão direita, recorri ao plectrum e ao lirismo.”

por Vítor Rua

http://www.myspace.com/vrua

Categorias: Música

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